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Reportagem
As baianas do acarajé
Mais do que uma comida rápida de rua, o acarajé é indissociável da cultura do candomblé e da história dos africanos no Brasil. Quitute é elemento central de um complexo cultural
Carolina Cantarino
Foto: Carolina Cantarino
O ofício das baianas do acarajé foi declarado patrimônio cultural do Brasil no início deste ano. Quando anunciado, equívocos em torno do “tombamento do acarajé” e outros mal-entendidos esconderam a valorização de uma profissão feminina historicamente presente no país: as baianas de tabuleiro. O orgulho por esse reconhecimento podia ser visto nos rostos das mulheres negras de novas e antigas gerações presentes durante a cerimônia de diplomação de seu ofício, que aconteceu no último dia 15 de agosto, na sede do Iphan de Salvador.Durante o evento, as baianas de acarajé usaram suas roupas tradicionais cuja peça mais característica é a grande saia rodada, complementada por outros adereços como os chamados panos da costa, o torso na cabeça, a bata e os colares com as cores dos seus orixás pessoais. Nas ruas de Salvador, de outras cidades do estado da Bahia e, mais raramente, em outras regiões do país, as baianas tradicionais encontram-se sempre acompanhadas por seus tabuleiros que contêm não só o acarajé e seus possíveis complementos, como o vatapá e o camarão seco, mas também outras “comidas de santo”: abará, lelê, queijada, passarinha, bolo de estudante, cocada branca e preta. Os tabuleiros de muitas baianas soteropolitanas se sofisticaram: revestidos por paredes de vidro, muitas vezes contêm caras panelas de alumínio junto às colheres de pau.
O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do candomblé. Acarajé é uma palavra composta da língua iorubá: “acará” (bola de fogo) e “jé” (comer), ou seja, “comer bola de fogo”. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás.
Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Para elas, o bolinho de feijão fradinho frito no azeite de dendê não pode ser dissociado do candomblé. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo.
“Pode parecer que estamos dando importância maior ao acarajé do que ao ofício das baianas do acarajé, mas este fato tem um sentido: neste complexo cultural, o acarajé é o elemento central. O ofício não teria a importância que tem se o acarajé fosse apenas um dos alimentos tradicionais”, afirma Roque Laraia, antropólogo da Universidade de Brasília e membro do Conselho Consultivo do Iphan, em seu parecer sobre a proposta de registro do ofício das baianas do acarajé. O inventário que instruiu o processo de registro foi realizado pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.
Raul Lody e Elizabeth de Castro Mendonça foram os antropólogos que realizaram a pesquisaque consistiu na realização de entrevistas; levantamento bibliográfico; registros audiovisuais e, dentre outras coisas, visita a pontos característicos de baianas do acarajé na cidade de Salvador tais como Bonfim, Pelourinho, Barra, Ondina, Rio Vermelho e Piatã. Brotas também foi um dos bairros visitados devido à presença de um “baiano de tabuleiro”, evangélico.
As baianas sofrem, cada vez mais, com a concorrência da venda do acarajé no comércio de bares, supermercados e restaurantes baseados, inclusive, no marketing do bolinho de acarajé como fast food. Essa apropriação do acarajé contraria o seu universo cultural original e a sua venda como “bolinho de Jesus” pelos adeptos de religiões evangélicas – que postam Bíblias em seus tabuleiros - tem causado polêmica.
“Se você tem uma religião que é contrária ao candomblé, por que vender acarajé e não qualquer outro quitute?” indaga Dona Dica diante do seu tabuleiro no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, ressaltando que o acarajé, para a maioria das baianas de tabuleiro, filhas-de-santo, é indissociável do candomblé. Essa indistinção não deixa de ser, também, uma estratégia de diferenciação de seus produtos, num contexto de concorrência cada mais acirrada que é Salvador, uma cidade que atrai muitos turistas por ser considerada como o locus de africanismos no Brasil, a partir dos quais uma inegável comercialização da cultura negra tem se constituído.
Mas se para essas baianas as mudanças em relação ao aspecto religioso são inaceitáveis, outras transformações são bem vindas. “No passado era muito ruim porque a gente tinha que descascar o feijão e quebrá-lo na pedra. Hoje em dia não se tem esse sofrimento porque as meninas usam o moinho elétrico ou mesmo o liqüidificador”. Essa é a opinião de Arlinda Pinto Nery, que trabalhou com seu tabuleiro durante mais de 50 anos e aprendeu o ofício com sua mãe.
Dona Arlinda faz parte da Associação das Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia que existe há 14 anos e conta com dois mil associados dentre baianas e baianos do acarajé e vendedores de outros tipos de comida como mingau, pamonha e cuscuz. O trabalho da associação é voltado para a profissionalização da atividade, que já conta com um selo de qualidade: através de parcerias com o Sebrae e o Senac, os associados têm acesso a cursos sobre manipulação de alimentos, normas de higiene e sobre finanças, para que possam administrar melhor os seus ganhos.
As mulheres de tabuleiro de ontem e de hoje
A comercialização do acarajé tem início ainda no período da escravidão com as chamadas escravas de ganho que trabalhavam, nas ruas, para as suas senhoras (geralmente pequenas proprietárias empobrecidas), desempenhando diversas atividades, dentre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. Ainda na costa ocidental da África as mulheres já praticavam um comércio ambulante de produtos comestíveis, o que lhes conferia autonomia em relação aos homens e muitas vezes o papel de provedoras de suas famílias.
O comércio de rua nas cidades brasileiras permitiu às mulheres escravas ir além da prestação de serviços aos seus senhores: elas garantiam, muitas vezes, o sustento de suas próprias famílias, foram importantes para a constituição de laços comunitários entre os escravos urbanos e também para a criação das irmandades religiosas e do candomblé: muitas filhas-de-santo começaram a vender acarajé para poder cumprir com suas obrigações religiosas que precisavam ser renovadas periodicamente.
Devido a essa liberdade de movimento é que as escravas de tabuleiro eram vistas como elementos perigosos, tornando-se, por isso, alvos de posturas e leis repressivas.
A venda do acarajé permaneceu como uma atividade econômica relevante para muitas mulheres mesmo com o fim da escravidão. Hoje, atrás das baianas existem famílias inteiras dependendo dos seus tabuleiros: 70% das mulheres pertencentes à Associação das Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia são chefes de família. A rotina dessas mulheres é caracterizada pela compra dos ingredientes necessários para o preparo do acarajé, um trabalho diário e árduo: precisam levantar cedo, ir à feira, buscar produtos de qualidade a preços acessíveis. O preço do camarão e do azeite de dendê são os que mais variam. Muitas ainda enfrentam problemas para adquirir tabuleiros novos ou mesmo para guardá-los, deixando-os, muitas vezes, na praia.
“Às vezes nos sentimos órfãs porque trabalhamos sozinhas com nosso tabuleiro, de sol a sol, expostas ao frio, ao calor e mesmo à violência. Mas somos mulheres negras e perseverantes: se não vendemos hoje, venderemos amanhã. Somos um símbolo de resistência desde a escravidão”, lembra Maria Lêda Marques, presidente da Associação que, juntamente com o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá e o Centro de Estudos Afro Orientais da Universidade Federal da Bahia, fizeram o pedido de registro junto ao Iphan.
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Veja também trecho de parecer de Registro do Ofício das Baianas do Acarajé.




Renan Inquérito lança #PoucasPalavras no Sarau do Dendê

Postado por Jessica Balbino em 12 de janeiro de 2012 ás 13:52
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O lançamento da obra literária de Renan Inquérito acontece no evento Hip-Hop no Terreiro, no Ponto de Cultura Caminhos em Hortolândia – SP



Acontece nesta sexta-feira (13) a partir das 20h o lançamento do livro #PoucasPalavrasdo@RENAN_INQUERITO no Sarau do Dendê, na
cidade de Hortolândia, no interior paulista.
O evento acontece com apoio da prefeitura do município e o Ponto de Cultura Caminhos promove uma festa com muita literatura marginal. A ideia é também um marco na iniciativa de introduzir o hip-hop no terreiro.
Antes do sarau, as cerca de 40 crianças atendidas pelo Ponto de Cultura participarão de uma oficina de literatura marginal.
Conforme foi publicado no Portal da cidade de Hortolândia , a responsável pelo Ponto de Cultura, Mãe Lenora, tem como ideia envolver as crianças num estudo poético e literário, usando a literatura periférica para tanto. “O livro, como a maioria das composições de rap, além de ter uma forma poética, abre precedentes para discussões sobre a inclusão social. É muito importante que as crianças comecem desde cedo a fazer uma reflexão crítica sobre os fatos”, considera.
O livro do rapper, professor e geógrafo Renan Inquérito foi lançado no início de dezembro e já percorreu diversas cidades por todo país em lançamentos e saraus.
A obra tem prefácio de Sérgio Vaz, orelha de Alessandro Buzo, ilustrações do graffiteiro Mundano e fotografias de Márcio Salata, além de ter sido editada pelo também escritor Toni C.

Serviço – Mais informações sobre o livro podem ser acessadas no sitewww.grupoinquerito.com.br

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17.05.2010 Grito Cultural maio 2010

















O V Grito Cultural promovido pelo Ponto de Cultura Caminhos recebeu cerca de 5 mil pessoas durante todo o dia do evento. Além da tradicional feijoada beneficente e do acarajé de Mãe Lourdes e Mãe Eleonora, as outras atrações foram às apresentações dos grupos de samba da cidade como o Luz da Raça, quem celebrou a abertura do samba no evento.

Em seguida, foram os meninos do Havana que fizeram as honras da cidade para o sambista carioca Reinaldo, o príncipe do pagode como é conhecido no Brasil. Reinaldo começou a cantar seus sucessos acompanhado pelo seu camarada Serjão e a rapaziada do Nó na Madeira de Indaiatuba. Para encerrar a parte musical no Grito Cultural subiram no palco foram os meninos do É Assim de Campinas.

Na segunda parte do evento a beleza e a alegria ficaram por conta do desfile Infantil da grife Criolê. A criançada subiu ao palco apresentando a linha coisa miúda da grife. E por ultimo, o que todos esperavam o desfile das meninas na disputa do IV concurso de beleza negra da cidade. Ao todo foram 12 meninas buscando a premiação de 1000 reais para o 1° lugar. Elas tiveram que demonstrar as habilidades e o conhecimento de dança afro com trajes típicos, além dos de gala e de banho.

Numa disputa acirrada a vencedora foi Gabriela Fermino de 19 anos de idade, em segundo lugar ficou a estudante universitária Luana Costa e em terceiro a estudante e DJ Taynara Silva de 16 anos. O objetivo do evento foi alcançado com êxito segundo a coordenadora do Ponto de Cultura que foi de despertar e reforçar a importância vida cultura negra na educação e na formação da identidade da das pessoas e da juventude.
 
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30/04/2010 2° Sarau do Empório Cultural Flor do Dendê






















O Segundo Sarau do Flor do Dendê superou a expectativa do publico e da casa. As atrações se diversificaram ainda mais em relação ao primeiro. O ponto alto do sarau foi a encenação de um monologo apresentado pela atriz Rita de Oliveira, em que discute a relação da mulher abastada e sua forma de interação com as pessoas.

Outra atração foi a presença do contador de história Ulisses de Campinas, além do pop Rock dirigindo todo o Sarau. Como se vê , bem eclético a proposta da casa Flor do Dendê que tem o seu carro chefe o samba de raiz.

A pirofagia e o tarô foram as outras propostas culturais apresentadas em parceria com artistas da região de Campinas e o Flor do Dendê.



 Grito Cultural 2010

Esse ano o tema é “Brasil! Nação Quilombola”

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Grito Cultural 2010 - Brasil, Nação Quilombola

O evento é uma ação afirmativa que consolida a inclusão das manifestações e tradições afro-brasileiras no nosso município.  Haverá a tradicional feijoada beneficente e roda de samba com artistas da região e a participação especial do sambista e príncipe do pagode Reinaldo de São Paulo. 

No período da tarde acontecem intervenções culturais de capoeira, maracatu, afoxé, jongo, dança afro com o grupo OJU OBÁ entre outras atrações. A grife Afro Criolê vai lançar através do primeiro desfile infantil a sua coleção “coisa miúda”, em seguida a realização do IV Concurso de Miss Beleza Negra que conta aproximadamente com vinte candidatas da RMC.

O grito cultural é um encontro de formação, reflexão e produção de conhecimentos, posturas e valores; promove à valorização e o respeito das manifestações afro, sua religiosidade, sua cultura e história.  O encerramento da atividade Cultural se dará com a premiação das três primeiras colocadas do concurso.

Maiores Informações:
Telefone (19) 3845 4767 – 3504 5600/Cel(19) 9665 2238/7812 2125 /Nextel: 105*476


  Concurso de Beleza Negra
 
O desfile é uma proposta diferente de divulgação da beleza feminina e foge totalmente dos padrões impostas pelo mercado. Além de divergir da proposta convencional de promoção da beleza feminina, sobretudo da mulher negra o objetivo é despertar nas pessoas a importância e valorização de outros diferentes e padrões de beleza da mulher e na mulher.

A premiação para a vencedora do concurso adulto será em dinheiro 1° Lugar R$1000,00 2° Lugar R$ 800,00 e 3° Lugar R$500,00. Já para as participantes do desfile haverá brindes de participação.

Bate papo no Dendê

 
Seguindo a lógica cultural conquistada no Flor do Dendê, o bate-papo vai reunir semanalmente amigos e amigos dos amigos para conversar sobre os mais diferentes assuntos. Antes porém, será exibido um filme regado a petiscos e uma boa cerveja gelada.
Após a exibição do filme, o grupo presente inicia a conversa estabelecendo um mote, uma demanda para iniciar a peleja. O objetivo dessa atividade é de reunir amigos num espaço alegre e informal para uma boa conversa, além de servir de um espaço para a conscientização cultural e reunião dos militantes culturais da região metropolitana de Campinas.
Batuque no Dendê
 
       
Uma aglomeração cultural divertida para quem gosta do samba de qualidade. A casa reúne o que tem de melhor do samba na região. Cerveja gelada, a boa comida típica baiana e gente bonita. 

O batuque do Dendê tem a proposta pretensiosa de juntar num único espaço os sambistas da Região metropolitana de Campinas.










Copa do Mundo na África do Sul  
Transmissão só com a autorização da Fifa
Os bares e outros estabelecimentos que quiserem transmitir os jogos da copa do mundo na África terão que pedir autorização da FIFA. Detalhe! Até os estabelecimentos sem fins comerciais estão obrigados a solicitar a bem dita autorização.
A FIFA condicionou a o direito de transmissão aqueles que pretendem realizar eventos com fins comerciais, a cobrança de taxas.
Os procedimentos para o pedido estão disponíveis no site da entidade. Além dessa formalização os interessados também terão que solicitar formalmente o pedido a Rede Globo de Televisão, que é quem detém os direitos de transmissão no Brasil.



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Seu Zé Pilintra

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Quem chega no Empório Cultural Flor do Dendê em Hortolândia é recebido, aliás, muito bem recebido pelo nosso eterno camarada seu Zé Pilintra. A boas vindas dadas por Doné Eleonora é dividido com um senhor muito bem vestido, trajando seu terno de linho branco e seu chapéu panamá.

Com seu cigarro no dedo e encostado no poste sob o fundo dos arcos da lapa, o camarada Zé recebe toda a nata da boemia da região. Não há quem não o cumprimente com um brinde de uísque, cachaça ou conhaque. Esse personagem brilhante da noite, da nossa história, da nossa cultura representa tudo de importante que o homem na noite deve proceder, respeitador e esperto.

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O El Desdichado
Letra do cantor e compositor Lobão 
Roqueiro, polêmico e amante do samba de qualidade.


Eu sou o tenebroso, o irmão sem irmão,
O abandono, inconsolado,
O sol negro da melancolia

Eu sou ninguém, a calma sem alma que assola, atordoa e vem
No desmaio do final de cada dia

Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
O Samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia

Eu sou a contramão da contradição
Que se entrega a Qualquer deus-novo-embrião pra traficar
O meu futuro por um inferno mais tranquilo

Eu sou Nada e é isso que me convém
Eu sou o sub-do-mundo e o que será que me detém?

Eu sou o Poderoso, o Bababã,
O Bão! Eu sou o sangue, não!
Eu sou a Fome! do homem que come na brecha da mão de quem vacila

Eu sou a Camuflagem que engana o chão
A Malandragem que resvala de mão em mão
Eu sou a Bala que voa pra sempre, sem rumo, perdida

Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
Eu sou o Morro, o Soberano, a Alegoria que foi a minha vida

Eu sou a Execução, a Perfuração
O Terror da próxima edição dos jornais
Que me gritam, me devassam e me silenciam.